Interesse na Cultura, ou a cultura de interesses.




Chegar a Agosto, e que se faz? É dúvida que muitos jovens e menos jovens, habitantes ou visitantes de Évora se fazem nesta altura. Numa cidade Património Mundial, os monumentos não podem ser a única atracção turística. É necessário agarrar temporariamente os turistas, e isso só se consegue se o Património Monumental for suportado por uma animação cultural dinâmica e atractiva. Suportar toda a animação nocturna em bares, muitos deles idênticos entre si, sem qualquer novidade ou modernidade, ouvindo a musica de sempre em alienações repetidas faz apenas com que se afastem turistas e habitantes que acabam por procurar alternativas que ofereçam propostas culturais.
Nos últimos anos na cidade temos visto uma fuga de bichos papões, o medo de uma praça cheia de gente, a ter acesso livre e gratuito a concertos, teatro ou dança, tem assombrado o poder local, e tem feito perder aos cidadãos qualidade de vida. É necessário devolver vida ao Centro histórico, conseguindo dinamizar ao mesmo tempo o comércio tradicional, trabalhando em parceria com associações culturais, criando uma dinâmica cultural de acesso comum, só assim se pode fazer do centro histórico isso mesmo, um centro de encontros, de animação, só assim se pode devolver a cidade aos seus cidadãos, só assim se pode criar uma vontade de voltar aos seus visitantes. Mas é preciso também lembrar-nos do resto do ano, a cultura da cidade não pode ser esquecida, a cultura dos agentes locais não pode ser ignorada. É preciso tratar todas as associações e agentes culturais por igual, os interesses de um executivo camarário não podem, como tem sido feito, ser posto à frente dos interesses dos munícipes. O apoio a associações e agentes culturais tem de ser oferecido com os mesmo critérios a todos eles, atribuídos a tempo e horas, não só em palavras, mas também em numerário, só assim é possível às associações e agentes culturais fazerem o seu trabalho condignamente, oferecendo a sua cultura à cidade. As associações culturais, de carácter amador ou profissional, as bandas de garagem, os pintores e escultores da cidade devem ser defendidos pela câmara, sendo apoiados em espaços de ensaios, apoios a novas produções, a concertos, a gravações de maquetes, a exposições, só assim é possível criar cultura e até exportar cultura.
Dizia Aristóteles que a diferença entre um ser humano culto e um ser humano inculto é a mesma entre que um ser humano vivo ou morto, eu arrisco-me a dizer que a diferença entre uma cidade com cultura e uma cidade sem cultura é a diferença entre uma cidade viva, ou morta.

Cartaz Cultural Évora 2009